Phil Rajzman

Em águas chinesas 5z5760

Phil Rajzman conta como a China pretende tornar-se uma potência do surfe nos próximos anos. 2u4t2g

Phil Rajzman orienta atleta chinesa durante temporada de treinos na Califórnia.Jason Burns
Phil Rajzman orienta atleta chinesa durante temporada de treinos na Califórnia.

A hora mais esperada do ano para o longboard mundial está chegando. Dia 26 de novembro começa o Taiwan Open Longboard Champs 2018, que é a etapa internacional do WLT (World Longboard Tour) e definirá os campeões mundiais pela WSL.

É o segundo ano que Taiwan define o melhor do mundo no longboard, mas, há 10 anos, com o início do movimento de entrada do surfe para as Olimpíadas, a popularidade do esporte no país só cresce, assim como a curiosidade das pessoas sobre como é o surfe na China.

Se você imaginou que a prática do esporte deve estar engatinhando no país, é bem por aí mesmo. Para começar, muito antes da China ser um país do surfe, já possuía tecnologia de ponta para a fabricação de pranchas, órios e roupas. Os surfistas e os campeonatos apareceram depois, logo que o surfe foi cotado para as Olimpíadas.

Pouco tempo depois, Ruy sagrou-se campeã nacional da China.Jason Burns
Pouco tempo depois, Ruy sagrou-se campeã nacional da China.

Com a confirmação de que seria esporte de exibição nas Olimpíadas de 2020, em Tóquio, o país começou a levar a sério o investimento no surfe. O nome escolhido para montar e treinar o time olímpico foi o australiano Peter Townend, o primeiro campeão mundial de surfe, em 1976, pela antiga IPS (International Professional Surfers).

A missão de Peter não é fácil. Apesar de ser a fonte industrial do surfe, a China não vendia nenhum equipamento. Não havia lojas de surfe, pranchas, nem surfistas. Só o Peter e um plano do Governo para formar o primeiro time Olímpico de surfe no país.

Ele chegou a comentar em uma entrevista publicada aqui no Waves que se sentia como o Duke Kahanamoku da China. O desafio de Peter e do país não é somente formar atletas, mas criar a cultura surfe e um lifestyle que leve (espontaneamente) os chineses à praia.

Phil Rajzman durante o último Taiwan World Longboard Championship.WSL / Hain
Phil Rajzman durante o último Taiwan World Longboard Championship.

Ano ado, durante o mundial, ouvi um pouco sobre como foi a escolha dos atletas que formariam o time oficial de surfe chinês. A seleção começou nas equipes de natação e ginástica olímpica do país, por serem dois esportes com habilidades que facilitam o aprendizado do surfe.

Escolheram os melhores nadadores e ginastas com menos de 14 anos e fizeram testes específicos para o surfe. Em paralelo, um hotel em frente às ondas de Hainan começou a ser construído para alojar os atletas escolhidos, que ariam a treinar diariamente para as Olimpíadas. E eles treinam exaustivamente.

Confirmei isso este ano. Durante um mês, fui coach de uma atleta chinesa aqui na Califórnia. O nome ocidental dela é Ruy e ela precisava lapidar o surfe competição. Os treinos duravam seis horas por dia e ela evoluiu muito rápido. Depois de um mês, Ruy voltou pra China e venceu o campeonato Nacional de Surfe. Este ano, ela está tentando se classificar para competir em Taiwan. Assim como a Ruy, acredito que os outros atletas têm a mesma disciplina e determinação e, em breve, veremos os primeiros chineses entre os melhores do mundo.

A ambição do governo chinês é divulgar o esporte não somente em Hainan e Taiwan, que já estão entre os destinos turísticos das agências de turismo especializadas em surfe, mas em todas as províncias da China. É fácil perceber que o esporte pode chegar a um novo patamar quando tiver a China não somente como produtora, mas como consumidora do surfe. E esse futuro já está bem encaminhado.

Enquanto isso, a gente se prepara para chegar em Taiwan, fazer bonito com a camisa do Brasil e inspirar os chineses nessa nova jornada a caminho do mar.

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